ACEESP - Associação dos Cronistas Esportivos

ACEESP DE LUTO PELAS MORTES DE ANTERO GRECO E SILVIO LUIZ

A Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo está de luto pela morte dos jornalistas Antero Greco (69 anos) e Silvio Luiz (89 anos), ocorridas nesta quinta-feira (16/5). A entidade se solidariza com a família, amigos e fãs dos dois jornalistas neste momento de profundo pesar e dor. “Não perdemos apenas dois colegas de trabalho. Na verdade, o jornalismo esportivo perde duas grandes referências. Antero Greco foi, sem dúvida, um dos profissionais mais éticos, íntegros e sérios do País”, disse o presidente da ACEESP, jornalista Nélson Nunes, que trabalhou com Antero na editoria de Esportes do jornal Diário Popular nos anos 90. “Silvio Luiz, por sua vez, marcou época na televisão brasileira com o seu poder de inovação na linguagem das transmissões esportivas”, completou Nunes.

ANTERO GRECO

Antero Greco era Sócio da ACEESP desde 1989 (carteirinha de titular número 151), Antero lutava contra um tumor cerebral descoberto há dois anos. Sua carreira é exemplar. Seu legado é de um jornalista altamente profissional e super preparado tecnicamente para todas as funções que desempenhou nos veículos por onde passou, seja no rádio, no jornal e na televisão. Em todos eles, imprimiu sua marca de um jornalista preocupado com a precisão da informação e a lisura no exercício da crítica e do direito de opinião.

Sua passagem mais marcante, por óbvio, é na ESPN, onde formou uma dupla icônica dos telejornais esportivos do País ao lado do “Amigão”, Paulo Soares. Juntos, na bancada do SportsCenter, protagonizaram alguns dos momentos mais marcantes da tv brasileira.

Antero trabalhou na ESPN por 30 anos — era o mais antigo na casa e chegou antes mesmo de a emissora ter o atual nome. Ele entrou na empresa no início de 1994, quando ainda se chamava TVA Esportes e ficou até os seus últimos dias. “Antero tinha o equilíbrio entre bom humor e seriedade jornalística como característica marcante e contribuiu para a formação de diferentes gerações de fãs do esporte”, ressalta nota emitida hoje pela emissora.

Antero começou a carreira no Estado de S. Paulo, em meados da década de 1970. Também teve passagens por Popular da Tarde, Folha de S. Paulo, Diário Popular (depois Diário de São Paulo) e TV Bandeirantes, além de ter sido colunista do UOL entre 2019 e 2020. Cobriu mais de dez Copas do Mundo e diversos grandes eventos esportivos. Formado na primeira turma de jornalismo do período noturno da ECA-USP, apaixonado por literatura, escreveu dois livros: ‘Seleção Nunca Vista’ e ‘A Goleada’. Especialista em futebol internacional, sobretudo o Campeonato Italiano, participou do início das transmissões no Brasil de jogos do futebol europeu.

Palmeirense de berço, filho de italianos, Antero não deixava seu time do coração influenciar em seu trabalho.

“Sou palmeirense, de família palmeirense. Mas, no trabalho, sou São Paulo, Corinthians, Flamengo, Vasco, Santos… sou o que for. É uma coisa que a gente aprende com o tempo. Uma coisa é o trabalho, outra quando estou em trajes civis”, disse em entrevista no programa de Flávio Porchat.

A despedida de Antero Greco será realizada no Cemitério do Redentor, a partir das 12 horas. O enterro está programado para as 16 horas, na Avenida Doutor Arnaldo, 1105.

SILVIO LUIZ

A morte de Silvio Luiz foi confirmada nesta quinta-feira pelo Hospital Oswaldo Cruz, onde ele estava internado desde o dia 8 de maio. Segundo a nota, o narrador morreu em consequência de falência múltipla dos órgãos, após ser internado na UTI do hospital em virtude de um derrame cerebral, durante uma transmissão ao vivo no YouTube da Record da final do Campeonato Paulista de futebol entre Palmeiras e Santos.

Silvio Luiz Peres Machado de Souza era um dos sócios mais antigos da ACEESP, ostentando a carteirinha número 24. Nascido em 1934, locutor participou de várias Copas do Mundo e se destacou como uma das principais vozes do esporte no Brasil nas últimas décadas, sobretudo pelos bordões que criava a cada jogo. Vários deles incorporados ao dia a dia do futebol nacional, seja pela torcida ou pelos próprios jogadores, tais como: “pelas barbas do profeta”, “olho no lance”, “foi, foi, foi, foi ele… o craque da camisa número…”,  “acerta o seu daí que eu arredondo o meu daqui”, “confira comigo no replay”, “o que eu vou dizer lá em casa?” e “pelo amor dos meus filhinhos”.

Antes de se tornar um renomado locutor esportivo, Silvio foi árbitro de futebol entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970. No jornalismo, atuou como diretor de programação da Rede Record e trabalhou em várias emissoras, incluindo rádios Bandeirantes, Record, TV Excelsior, SBT, TV Paulista, entre outras. Como narrador esportivo, participou de várias Copas do Mundo e eventos internacionais, como as Olimpíadas de Atlanta-1996 e Pequim-2008. Seu último trabalho na televisão foi na Record, onde apresentava uma transmissão alternativa dos jogos do Campeonato Paulista ao lado dos humoristas Carioca e Bola.

Irreverente, crítico, independente, Silvio também tentou se candidatar duas vezes à presidência da Federação Paulista de Futebol. Na eleição de 1982, obteve apenas quatro votos, perdendo para José Maria Marin e Nabi Abi Chedid. Três anos depois, dobrou o número, mas ainda não foi eleito. Obviamente, sua candidatura era uma forma de protesto contra os desmandos dos dirigentes do futebol brasileiro.

O velório de Silvio Luiz ocorrerá nesta sexta-feira (17), no Cemitério Gethsêmani Morumbi, a partir das 9 horas. Já o sepultamento está marcado para as 14 horas, no mesmo local, que fica na Praça da Ressurreição, 01.